quinta-feira, 7 de julho de 2016

O Mérgan


O MÉRGAN

 

Meu último filho nasceu por inspiração de uma visita que fiz à Morgan, na Inglaterra. Há muito que tinha vontade de conhecer uma fábrica de carros cujo galpão principal é a Carpintaria. Os Morgans são um charme só com suas estruturas da carroceria em madeira, sua pele em alumínio e seus estofamentos em couro. O espécime mais famoso é o Morgan 4X4.



 

A visita guiada é uma delícia, vendo os caras curvando a madeira para os paralamas ou martelando uma chapa de alumínio por horas até cobrir uma porta. Mas fiquei doido foi quando conheci de perto o modelo de três rodas.



 

O ThreeWheeler é o seguinte: motor de 2.0 l em V com 82 HP e tração na única roda traseira. Fiquei doido. Só que trazer um desses para cá deve transformar as quinze mil libras em uns cento e oitenta mil reais.

Resolvi fazer o meu.

Quando voltei, comentei com meu amigo João Brancoli e ele me surpreendeu: “motor de moto? Mas eu tenho uma parada lá em Itaboraí. Se quiser é só buscar e usar”.

Uma oferta dessas não dá para recusar. Fomos com Salvador, jardineiro da casa de Pendotiba e fiel escudeiro para o aeroclube de Itaboraí buscar a menina. Era uma Yamaha TDM 225 e estava paradinha paradinha com os pneus arriados e aquela camadinha de sujeira, mas era nossa para o que quiséssemos fazer. Então está ótimo. Prendê-mo-la na carretinha (Olha aí, Temer, nós também mesoclisamos quando queremos) e tocamos para Pendotiba.

Além disso, a ida a Itaboraí nos rendeu a frente do três rodas também. O Roberto, proprietário do terreno do aeroclube, quando soube do projeto falou mansamente: “Tem ali na entrada uns restos de uma Towner que se acabou quando uma árvore caiu sobre ela. Se quiserem, podem ver se a parte da frente ainda serve para vocês”. Não precisou oferecer duas vezes: no final de semana seguinte, estávamos lá desmontando a Towner e tirando a suspensão dianteira, direção e freios para o futuro carrinho. Algum tempo depois, acabei comprando outra Towner parada já que a suspensão da primeira estava bem enferrujada, mas foi a doação da “itaboraiense” que definiu o projeto do carrinho.

Cortamos a frente da moto fora, esticamos duas cantoneiras e a suspensão dianteira, tudo no chão da garagem, e começamos a “projetar” a réplica do Morgan.



 

Com certa facilidade, percebemos que nosso protótipo nunca chegaria aos pés do Morgan, então decidimos chamá-lo por um nome que lembrasse seu inspirador mas que fosse proporcional à qualidade alcançada. Assim nasceu o Mérgan.

Daí para a frente, com a inestimável ajuda do Ringo, o Mérgan ganhou um chassis e dois bancos.

 


 

Deu um pouco de trabalho unir os cabos de embreagem e de acelerador da Towner aos da moto mas, alguns metros de arame depois, já era possível acioná-los a partir dos pedais. O freio hidráulico ficou limitado às rodas da frente, enquanto o freio traseiro da moto passou a ser acionado pela alavanca de freio de mão da Towner. Os comandos elétricos da moto foram prolongados até a um guidom que instalamos à frente do volante. Ficou meio esquisito mas, quer saber, bem prático. Criou-se, sem querer, um ótimo apoio para se entrar e sair do Mérgan.

Próximo passo, testes: e não é que o Mérgan andou?

Esse vídeo foi feito durante um encontro de amigos lá em casa e todo mundo quis tirar uma casquinha do três rodas.



Vimos que, com o acréscimo de peso, a aceleração ficou meio fraca. Assim demos uma bela encurtada na relação de 15X45 dentes para 12X52. Tem que ver agora como o bicho sobe a ladeira pedindo segunda rapidinho. Claro que a máxima foi reduzida mas, como ainda estamos longe de sabermos como ficou, para mim já está ótimo.

Próximo passo, carroceria. Até lá.

Um comentário:

  1. Que legal ter notícias suas meu caro amigo. Soube que vc tem uma oficina mecânica mas não sabia que estava criando estas máquinas malucas. Um grande abraço. Souza Aguiar.

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